sábado, 2 de maio de 2009

Beatles num céu de diamantes

CUIDADO: ESTE POST CONTÉM SPOILERS (hahahaha)



Neste feriado de Dia do Trabalho, fui ver no Shopping Eldorado o musical "Beatles num céu de diamantes", de Cláudio Botelho e Charles Möeller, que fizeram A Noviça Rebelde. Conselho de amiga? Não vá. É dos Beatles, fez sucesso no Rio, parece ser bom, mas não é.

Devo admitir que os 11 "atores"/cantores são afinados e cantam bem. Mas não é só disto que é feito um musical. Pra começar, se for para não ter enredo - como foi neste caso -, que tal fazer arranjos interessantes? As músicas contam com piano, bateria/percussão e violoncelo, além de músicos muito talentosos. Apesar de, em uma das músicas, o violoncelista até usar distorção, a maioria das adaptações foi enfadonha. Especialmente pela ausência do violão que, na minha opinião, é indispensável.

Do começo até um dos medleys com a interpretação "engraçadinha" de "Hard Day's Night", o musical foi extremamente entediante. Depois, algumas ousadias me acordaram, como a horrivelmente teatral "Ob-la Di Ob-la Da" e a versão fast-forward de "I am The Walrus", na qual o cantor falava as frases rapidamente para que não pudéssemos entendê-las. Saliento que acordar não é sinônimo de gostar ou de divertimento.

A grande maioria das reinterpretações das músicas, em vez de utilizarem e ampliarem a engenhosidade das originais, condenaram-nas a fórmulas dignas de American Idol. Além disso, a moça do piano e um dos atores tinham língua presa. Uma boa pedida seriam aulas de pronúncia de inglês, pois a dos cantores foi perceptivelmente macarrônica. Veja como a "menina-Ídolos" estragou a "Something", especialmente no final, com a variação intensa do volume da voz:





Visto que os arranjos deixam a desejar, procurei no cenário ou no figurino algum consolo para os R$ 30 desembolsados (meia entrada). Mas não encontrei. As roupas são de tons pastéis e o espaço consiste em revestimento de madeira, com algumas "janelas" nas quais os atores sentam de vez em quando. Eles também fazem mini-atuaçõezinhas durante as músicas, às vezes usando guarda-chuvas e malas de viagem. Quanto à produção e enredo, é só isso.

Ainda assim, acredito que a parte musical seja a base de um MUSICAL. Este realmente era pra ser o foco do espetáculo, de acordo com o texto dos criadores exposto no site da produção : "para aqueles que não precisam ou não querem a historinha - são diamantes apenas, os mais bem lapidados que a música pop já produziu até hoje". É, pena que I don't think so.



Para não ficar só na crítica negativa, quase no fim do show, durante a segunda apresentação de "Lucy In The Sky With Diamonds", bolhas de sabão caíram no palco. Criou-se um efeito onírico, quase pueril. Gostei bastante da ideia.
Estrelando as melhores músicas, temos "The Long and Winding Road", "While My Guitar Gently Weeps" e "Across the Universe". Os prêmios de piores momentos vão para "Help!", "Honey Pie", "I Am the Walrus" e "Ob-la Di O-bla Da". Na categoria "cantores duvidosos", o moço com língua presa e a "menina-Ídolos" dividiram a estatueta de barro.

Diferentemente de mim e das três pessoas que foram comigo, a maioria da platéia de tiazonas e carequinhas amou o musical. Palmas e gritos ao final das músicas contrastaram com meus comentários maldosos. Ao final, tive que levantar e bater palmas contra minha vontade, pois o elenco foi aplaudido de pé.

De balanço geral, em vez de submeter-se a 1h e 40min de tortura, recomendo ficar em casa e assistir ao "Across the Universe". Antes de ver "Beatles num céu de [crap]", nem tinha achado o filme incrível, mas confesso que agora fiquei com vontade de revê-lo. E tenho certeza que vou apreciá-lo mais.

Um comentário:

  1. É, acho que você falou tudo. Dá até pena ficar discutindo sobre esse musical, eles conseguiram, no mínimo, gerar polêmica entre nós. Eu resumiria tudo em duas palavras: RU IM.

    Beijo, te amo.

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