Eu tinha me esquecido. Não sabia bem por quê. Sentia falta daquele abraço com a certeza de que me seria um respiro. E, ainda que o tenha sido, foi uma surpresa. Eu tinha me esquecido completamente de como era.
Quando ele me abraça, é uma torre. Pequenininha, disparo escadaria acima, correndo, correndo, percorrendo os degraus circulares na imensidão azul-escura. De repente, quase no topo, ele me encontra nas escadas. Agachamos de repente, não há tempo a perder. E cochichamos, ofegantes, nossos planos. Bem baixinho para não ecoar.
Depois, com mais calma, subimos os degraus restantes até o topo, onde contemplamos debaixo do céu pontilhado um mar de trigo e de silêncio. A brisa preenche meus pulmões e leva o cherinho de noite a cada célula do meu corpo.
E aí ele me solta. É um homem-fortaleza que tudo pode, mas nem tudo faz, porque nem se deu conta de que pode tudo. Então, me abraça.