Uma Marcela cansada não é louvável. Ela é a típica paulistana estúpida: anda pelas ruas com pressa, cara de bosta, esbarrando nos outros - morrendo de preguiça de pedir desculpas para aquele ser que nem sequer tentou se desviar dela -, lançando olhares malévolos, não agradecendo quando uma pessoa gentil lhe avisou que o carro estava dando ré em cima dela, odiando as velhinhas suadas e folgadas (DO CA-RA-LHO!) que entram na sua frente na fila sem o MENOR pudor, sem a MENOR consideração, completamente ignorando a sua existência cansada e irritada - cara, só porque você é velha e incapaz, um peso social aos coitados que pegam filas todos os dias, que se levantam pra você se sentar no ônibus e no metrô, não te dá o direito de se aproveitar disso da forma mais estúpida possível: sem a MENOR vergonha de ser uó.
Olha que horror o que eu falei dos idosos, olha como eu sou errada e egoísta quando estou cansada. Mas é aquela teoria do Freud - que morri de preguiça de explicar: eu tenho raiva dos velhinhos porque não quero ser uma. Se aquela vaca tivesse sido fofa e falado "Ai menina, eu tou tão cansada, posso passar na sua frente?" eu falaria "Lógico, magina, que é isso..." e ainda me sentiria culpada de reclamar internamente do meu cansaço, frente às dificuldades da idade avançada. Mas não foi o caso. Então pau no cu de todos.
Bora fazer meu almoço uó, fazer meus trabalhos sem a MENOR capacidade intelectual de fazê-los neste momento uó e ser chata com o resto da sociedade que não tem nada a ver com meus problemas.
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