Ontem, minha amiga Mrs. Funny me pediu, sem explicar nada, que eu visse um trailer e desse minha opinião. Vamos a ele (VEJAM ANTES DE LER O RESTO):
Antes de partir para o que interessa, vamos fazer um suspense e comentar algumas coisas rapidamente. A música já foi usada no filme "Adeus, Lênin!" (um dos meus preferidos ever) e o trailer é revelador demais. Já sabemos praticamente tudo que vai acontecer.
Pronto, agora posso começar a falar sobre o que interessa. Minha primeira reação foi de estranhamento e de perplexidade. Depois, senti uma urgência em mostrar o vídeo para mais pessoas e saber a opinião delas. Felizmente, Mrs. Funny se mostrou super mente aberta e tivemos opiniões parecidas.
Pra começar, racionalmente eu tenho plena consciência de que noções de parentesco e, consequentemente, de incesto são construções sociais da nossa cultura. Algumas tribos e sociedades antigas não partilhavam desses valores, e há muitos casos em que relacionamentos sexuais entre "parentes" era natural.
Certa vez, um conhecido - com quem não tenho mais contatato - me confessou, numa dessas conversas loucas sobre deep dark secrets, achar a irmã gostosa e ter passado a mão na bunda dela. Ela ficou furiosa e eles continuaram brigados por alguns meses. Ele pediu desculpas, jurou que nunca mais faria aquilo, mas me disse que os sentimentos são sentimentos; eles ainda estavam lá.
No livro "A Casa dos Budas Ditosos", a "senhora" - que pra mim é invenção do autor, João Ubaldo Ribeiro - confessa ter transado com o tio e constantemente com o irmão, além de ter tido vontade de fazer o mesmo com o próprio pai. De acordo com a personagem da obra, cujo tema é a luxúria, todos nós temos naturalmente esses desejos com parentes próximos, mas os reprimimos. Isso também foi estudo de Freud, que considera a proibição do incesto relativa à cultura e ao psíquico.
É difícil aceitar isso, visto que certos valores estão tão arraigados que dissociá-los e entendê-los como fruto de uma relativa arbitrariedade social parece inconcebível. Então, a reação mais fácil e mais comum seria a de repúdio ao tema do filme, considerá-lo subversivo e impróprio.
Eu, pessoalmente, não tenho vontades "bizarras" para com meus familiares e não consigo imaginar como reagiria se isso acontecesse com meus próprios filhos. Entretanto, achei a proposta muito interessante para repensarmos e desconstruirmos certos valores tidos como verdade absoluta.
Outro fator a ser levado em consideração é o seguinte: não escolhemos do que gostamos. Antes de mais nada, ressalto que isso é discutível. Um filme que toca nesse ponto, só que relativo à pedofilia, é "Pecados Íntimos". Ele propõe uma discussão interessante, realmente me deixou dividida. Entendo a falta de controle de Ronald, o pedófilo, mas também não vejo como ele possa viver normalmente na nossa sociedade, sendo que ele se interessa por crianças única e exclusivamente. Enfim, pra quem não viu o filme, fica difícil entender o que estou falando sem me achar uma pirada.
Voltando ao ponto, eu não escolhi gostar de homens. Eu simplesmente gosto e consigo traçar meu interesse pelo sexo oposto desde os cinco anos de idade, com o menino da piscina no Guarujá, que estava comendo Cheetos Lua, equanto tocava a música mais famosa das 4 Non Blondes, a "What's Up". Para o fulano da esquina, pode ter sido diferente. Um menino pode ter chamado a atenção dele e o ter deixado hipnotizado da mesma forma como eu fiquei. Se pro fulano, a atração foi pelo sexo oposto, e nenhum de nós teve controle sobre isso, por que eu seria melhor que ele? Ou eu seria normal e ele anormal?
O que acontece quando, sem querer, você se apaixona pelo seu irmão? Realmente, nunca vou saber como é, e não é só porque sou filha única (hahahah). Enfim, não me sinto na posição de achar legal, nem de repudiar. Não sei direito como me sinto a respeito, mas acho importante pensar em todas essas coisas. Se você pensou em outras coisas que não apontei aqui, sinta-se livre pra deixar uma drunk call e me contar.
Por fim, se o filme vai ser bom ou não, eu não sei. Sinceramente, não espero muito dele, mas achei incrível uma produção brasileira abordar um tema polêmico assim. Mrs. Funny e Sr. Russo relacionaram o filme com "O Segredo de Brokeback Mountain", por este ter sido bem polêmico e ter mostrado como lá no fundo, todos nos sentimos da mesma forma, sendo gays ou héteros. Eu o vi quatro vezes e chorei em TODAS.
terça-feira, 12 de maio de 2009
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Boa noite,
ResponderExcluirEntão, esbarrei no seu caso por acaso pois estava querendo saber quem era os DJ´s da festa da pororoca louca e seu blog aparece no google quando se digita "pororoca louca"
Vi este post e não pude deixar de comentar;
Primeiramente concordo com você plenamente quem somos nós para jugar pessoas que se amam? amar não é premeditado logo não merece pena, não merece ser discriminado por sexo ou no caso grau de parentesco amar merece ser admiridado é preciso ter muita coragem para amar. tomando palavras emprestadas
"Por ser exato O amor não cabe em si Por ser encantado O amor revela-se Por ser amor Invade E fim!!..."
E fim mesmo, não tem como voltar atraz esquecer ou algo do genero podemos com uma força de vontade quase não-humana reprimir isso. mas de que vale a pena?
só temos uma vida, enjoy!
parabéns pelo blog
-Sandman-
nossa, obrigada MESMO. achei que ninguem fosse ler esse post por ser muito grande e tudo mais. q bom saber q tem mais gente pensando assim por aí, de forma aberta. alias, eu já sabia, só nao pensei que essa pessoa chegaria até aqui sozinha.
ResponderExcluirum beijo.