
Até gostaria de dizer que guardo muitos objetos porque eles sempre têm um valor sentimental acoplado. Mas é mentira. Não sinto nada além de vergonha alheia daqueles anjinhos bregas de lembrancinha de casamento, que acumulam pó dentro do meu guarda-roupa.
A questão é que, quando era criança, sofri um trauma. Eu tinha um bonequinho do Droopy muito feio, que sempre era usado como bode expiatório nas brincadeiras. Ele era o malvado, o mártir, o filho renegado de deus (no caso, eu, a dona do jogo). Mesmo sem contexto, acabava esmagado pela vaquinha, que eu fazia pisoteá-lo com força.
De alguma forma, todas as minhas birras com o mundo eram descontadas nele. Só porque tinha aquela cara feia, de quem merecia e, além disso, pedia para ser punido. Então, quando chegou aquele momento crítico de escolher quais brinquedos guardar, nem pensei e me desfiz dele.
E o que aconteceu? Chorei horrores e me arrependi profundamente de todos os meus pecados. E agora eu nunca sei o que realmente deve ser jogado fora e o que precisa ser guardado, pelo menos por mais um tempinho.
Droopy, onde quer que você esteja, saiba que você foi muito especial pra mim. Desculpa por tudo. No hard feelings. Beijo.
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