“Menina, estou que nem você”, disse ela à amiga, “levei bolo de um nerds gordinho!”. E as duas riram no banco de trás do Fox preto, que rumava a uma balada na Augusta. “Bem-vinda ao meu mundo”, respondeu a outra, ainda visivelmente amargurada.
A dona da bota contou, então, o ocorrido: o dito cujo apareceu como convidado na república dela, onde mora com amigas. Ele não é atraente, ou como ela mesma definiu, “não é aquele cara que dá vontade de jogar na parede, é mais pra dormir de conchinha”. Pois bem, a falta de atração foi relevada em nome de um bem maior (a possibilidade de uma dormida agradável) e eles ficaram.
Certo tempo depois, o candidato à conchinha retornou à casa das sete mulheres e despertou o interesse da protagonista com demonstrações de sensibilidade e inteligência. Os dois riram, conversaram, se beijaram e saíram para dançar. Ao acompanhar a dama de volta a casa, como faria um bom gentleman (também porque ele mora na mesma rua), o menino branquinho e rechonchudo fez uma série de planos. Almoçariam na sexta-feira (ainda era terça), assistiriam a um filme no sábado. Até aí, o garoto “foi um fofo”.
Eis o momento da reviravolta: nossa heroína teve uma péssima quinta-feira e matutou a brilhante ideia de melhorá-lo ao deixar um bilhetinho na portaria do prédio do nerdzinho (ela adora dar cartinhas a homens). “Escrevi sobre nosso almoço, deixei meu telefone, barari barará [versão dela para “bla bla bla”]. Daí, na sexta, fiz as compras, arrumei a casa, cozinhei e nada do vizinho gordinho. Menina, fiquei irada”, contou ela, arregalando os olhos.
Então o cara sumiu e fim de papo? Há! É lógico que não. Sempre há um jeito de se afundar ainda mais na merda, não? E foi com base nesse pressuposto que mais uma cartinha foi deixada na portaria do conchinha-nunca-mais: “Gostaria de pensar que você não recebeu meu bilhete anterior. Olha, até onde eu sei, quando um convite é feito, ele pode ser aceito ou recusado. Você não precisa almoçar comigo, mas acho que, no mínimo, poderia me avisar”. Ela foi sincera e estava certa no que disse.
Mas se a primeira mensagem não pegou bem, essa tampouco. O vizinho-ligeiramente-acima-do-peso continuou sumido e foi assim que terminou a história. “Já não tinha curtido ele logo de cara, sabe? Pra ELE me dispensar? Como assim?”, indignou-se. “EU SEI, EU SEEEEI!”, gritou a amiga-com-o-ego-ferido, “EU. SEI.”
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
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O que acha de " O almoço" ser a próxima cartinha? Talvez ele deva saber de sua participação na história. ahuahua Afinal, "Sempre há um jeito de se afundar ainda mais na merda, não?"
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