é aqui!
Só queria mencionar que racismo não é chamar alguém de "preto", mas tratá-lo como uma pessoa inferior a você. No Rio essa palavra é usada mais naturalmente, mas aqui em São Paulo todos ficam chocados quando é mencionada. E eu vejo isso como um reflexo do racismo embutido, que as pessoas ficam preocupadas em expor.
Outro ponto importante é a indiferença que a gente adotou para seguir o nosso dia-a-dia, é como se fosse tudo bem existir moradores de rua, tudo bem pessoas não terem lazer no fim de semana, tudo bem sua casa estar em um bairro feio e mal cuidado, tudo bem a pessoa nascer e morrer na merda, tudo bem frequentar a escola por 10 anos e não aprender a escrever ou a ler direito, tudo bem não ter trabalho e ficar jogando bola na rua o dia inteiro até inventar uma burrada pra fazer. Tudo bem, né?
Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se os olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária
Em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada:
Nem o traço do sobrado
Nem a lente do fantástico,
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém, ninguém é cidadão
Se você for a festa do pelô, e se você não for
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer
Plano de educação que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
Do ensino do primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco
Brilhante de lixo do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
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cara, o caetano não é mano. e essa música foi uma tortura, parei no minuto 1:14.
ResponderExcluirmas respeito a letra.
Nossa..sou enlouquecida por essa música. Fiquei ouvindo o dia inteiro. E o caetano não está nem perto de ser mano, da onde vc tirou que ele tá pagando de mano? só pq ele está falando "preto" o tempo todo?
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